Brasil: Descaso com os Trilhos

A história da ferrovia no Brasil é marcada por um rico passado e um presente desafiador. Nascida como promessa de integração e desenvolvimento, os pouco mais de 30 mil km da malha ferroviária brasileira, vivem momento crítico. A negligência histórica e a priorização de outros modais de transporte, como o rodoviário, transformaram um ativo estratégico para todas as grandes metrópoles do mundo, em um passivo nacional.

No século XIX, as ferrovias brasileiras desempenharam um papel fundamental no transporte de café, impulsionando a economia do país. No entanto, a partir da segunda metade do século XX, a falta de investimentos, a diversidade de bitolas e a ausência de um planejamento nacional levaram ao declínio progressivo da malha ferroviária.

A situação atual é alarmante: a extensão da malha ferroviária brasileira é significativamente menor do que a de outros países com economias menores e topografias mais desafiadoras. A falta de investimentos em ferrovias tem impactos diretos na economia, na logística e na qualidade de vida da população. A dependência excessiva do transporte rodoviário gera congestionamentos, poluição e acidentes, além de encarecer o custo das mercadorias.

As ferrovias são essenciais para o desenvolvimento sustentável de um país. Elas são mais eficientes e menos poluentes do que o transporte rodoviário para o transporte de grandes volumes de carga a longas distâncias; sem contar o transporte de passageiros que, a partir das ferrovias, contribui para o turismo, a integração regional, e, muitas vezes na redução das desigualdades.

A recuperação da malha ferroviária brasileira é um desafio complexo, mas fundamental para o futuro do país. É preciso investir em modernização, ampliação e integração com outros modais de transporte. É preciso que os municípios se envolvam mais com as discussões que envolvem o transporte sobre trilhos. É fundamental o incentivo à participação do setor privado, sem que os agentes públicos percam espaço, a fim de garantir a eficiência e a sustentabilidade do sistema.