Nos últimos anos, o número de cidades com ônibus gratuitos aumentou exponencialmente. Em 2023, para meu artigo de conclusão de curso na FESPSP pesquisei sobre os efeitos eleitorais da tarifa zero e, verifiquei que no intervalo entre 2010 e 2020 a reeleição do proponente marcava cerca de 70%. Matéria da Folha de São Paulo da última sexta-feira (11), destacou que o número cresceu no pleito deste ano, quando houve reeleição em primeiro turno em 89% dos municípios que aderiram à tarifa zero durante o último mandato.
A taxa de reeleição é, na verdade, apenas parte da questão, já que antes mesmo das eleições, a discussão tomou conta das propagandas eleitorais e planos de governo. Segundo levantamento do ‘Vota Aí’, projeto conjunto entre Unicamp e UERJ, ao menos 675 Planos de Governo traziam as expressões “tarifa zero” ou “passe livre” no campo das propostas (em 2020 eram 434).
Num comparativo simples, entre 2010 e o período eleitoral de 2020, 21 municípios aderiram a algum modelo de tarifa zero no transporte público; desde 2021, mais de 90 trilharam o mesmo caminho. Em alguns, como São Caetano do Sul, a medida é válida para todos os dias e horários; em outros, como Ribeirão Pires, a gratuidade é prevista apenas durante os domingos e feriados, totalizando, atualmente, 136 cidades com gratuidade nas passagens.
Vale destacar, ainda sobre a tarifa, a adesão dos municípios para o dia da eleição, seguindo orientação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), quando 25 capitais disponibilizaram transporte gratuito. Em São Paulo, onde a gratuidade já é prevista aos domingos, a medida foi reforçada também pelo Governo do Estado, com a isenção da tarifa aos passageiros de CPTM, Metrô e EMTU, assim como das concessionárias ViaQuatro e ViaMobilidade.
Mais do que uma questão de mobilidade, a tarifa zero é um avanço sobre a equidade de oportunidades, do ponto de vista dos deslocamentos e do uso daquilo que as cidades nos proporcionam.